Eu o Gênio (parte 1)
Não vou
começar com o clássico "Era uma vez...” porquê essa história que vou
contar agora não é um conto de fadas, é real! Ao chegar na cidade de Camocim
após 19 meses e 23 dias, exatamente um dia antes da chegada do ano novo, eu
consegui atravessar para o outro lado, para a tão desejada, Ilha do Amor,
confesso que por muitas vezes eu me peguei pensando em como seria lindo aquele
lugar em noite de lua cheia. Mas infelizmente a chegada a ilha na lua cheia não
rolou, mas quem sabe, na próxima vez...
Ao chegar
lá eu analisei cada detalhe daquele lugar,
realmente é muito lindo, porém muita terra. Depois de andar bastante com
o pessoal, as crianças pararam com os seus responsáveis em uma espécie de poça
gigante, mais conhecida como lagoa. Eu ali com aquele sol na cabeça, uma
garrafa de água e minha mochila que devido ao tempo que estava em minhas costas
parecia que havia um tiranossauro Rex dentro de tão pesada que estava. Aproveitei
e me sentei para descansar um pouco, comecei a pensar na saudade que eu estava
dos meus amigos que havia deixado no Rio de Janeiro e enquanto eu gastava o
resto de energia do meu cérebro que me sobrou devido ao sol quente, comecei a fazer
um buraco no chão para por o pé dentro, quando der repente achei um objeto que
parecia ser de ferro dentro do buraco, com um sorriso no rosto, olhei e pensei
se não fosse o mundo real essa seria uma boa hora para fazer um pedido. (
risos) Mas vai servir como um bom objeto de decoração. Enfim, chegou a hora de
voltar pra casa depois de um dia cansativo. Cheguei em casa tomei um banho bem
gelado pois os meus miolos estavam precisando se refrescar... Após um bom
banho, me joguei na cama e fui fazer o que mais gosto, NADA rs. Mexendo no
celular lembrei do objeto que encontrei na ilha, peguei minha mochila e lá
estava uma lâmpada de gênio. Engraçado, como pode alguém encontrar um objeto
desses em uma ilha? Tipo, nada haver, se fosse uma bola, um carrinho de
brinquedo ou até mesmo uma boneca eu iria entender que alguma criança esqueceu
aqui, mas isso não parece ser um brinquedo de criança. Será que seria muita
loucura da minha cabeça pensar que isso seria mesmo uma lâmpada mágica, e que
talvez tenha um gênio preso aqui dentro? Ah Magnus, cala a boca e vai dormir,
isso só pode ser você excesso de muito sol na cabeça, onde já se viu se
permitir chegar nesse nível de loucura a ponto de acreditar em gênio da lâmpada?
Soltei a
lâmpada numa escrivaninha que ficava ao lado da minha cama quando der repente a
lâmpada começou a se mexer. Levantei num pulo apavorado, nunca tinha visto algo
assim tão sobrenatural. Peguei a lâmpada com um pensamento de que poderia ser
coisa minha cabeça, analisei ela bem de perto e até sacudi, vai que se tiver
algo dentro, reclame do pequeno terremoto que causei. Tomei coragem para fazer o
que já estava com vontade desde cedo quando peguei essa lâmpada, comecei a
esfregar, esfregar e esfregar... E nada, pra minha decepção nada aconteceu, trouxe
ela pra próximo dos meus olhos olhando para dentro do buraco, e pensei
comigo, é só uma lâmpada idiota de
decoração. Não presta pra nada. Joguei ela na escrivaninha de novo e me joguei
na cama, quando der repente uma fuma colorida começou a envolver o meu quarto,
entre aquele Fumaça apareceu um ser...
- Venho
informar que sua teoria está totalmente errada, é claro que o Gênio da lâmpada
existe, é por falar em existir... em que ano estamos? A ultima vez que vi a luz
do dia a princesa Isabel estava assinando a libertação dos escravos. Que ironia
não? No dia da libertação, eu fui preso nessa lâmpada.
- O que
você quer? Fica longe de mim! Por favor,
não me faça mal.
Eu estava
realmente apavorado, nunca havia visto algo tão esquisito acontecer.
- Eiiii!
Calma, por favor! Sem pânico. Não existe a necessidade de vosmecê se
alterar, afinal não sou um bicho papão, sou Apenas o Gênio da lâmpada, estou
aqui para servir é realizar os seus desejos e voltar pra minha prisão
particular.
- Peraí,
tô confuso. Como pode ser, essa história de gênio? Como pode viver na época de
princesa Isabel? Como pode não saber em que ano estamos?
-A Abolição
da Escravatura foi o acontecimento histórico mais importante do Brasil após a
Proclamação da Independência, em 1822. No dia 13 de maio de 1888, após seis
dias de votações e debates no Congresso, a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea,
que decretava a libertação dos escravos no país. Sobre este dia, Machado de
Assis escreveu anos depois na coluna “A Semana”, no jornal carioca Gazeta de
Notícias: “Verdadeiramente, foi o único dia de delírio público que me lembra
ter visto”.
- Então, isso é sério você
não sabe que estamos no dia 31 de dezembro do ano de 2020?
- 2020? É sério que fiquei
preso nessa lâmpada por 132 anos, 7 meses e 18 dias?
- Se você está dizendo? Mas
se você ficou preso nessa lâmpada,
significa que você não pertence a ela, porque se pertencesse obviamente saberia
sair, certo? E o que te fez ficar prisioneiro?
- Eu nasci em 1860, 38 anos
depois da proclamação da República, eu era de dentro da realeza e percebi que a
princesa Isabel queria promover a
libertação dos escravos, porém ela no
seu íntimo tinha muito medo do que poderia acarretar, muitas pessoas poderiam
se voltar contra ela, então foi aí que conheci um feiticeiro muito poderoso
chamado Mozenrã, que me ofereceu uma porção mágica de coragem para
que eu pudesse por no chá da princesa e todos os problemas do meu povo estaria
resolvido. Eu implorei que ele me ajudasse, estava disposto a fazer o que ele
quisesse. Ele me alertou que toda a magia vem com um preço, preço esse que eu não me importava, pois
estava disposto a pagar, precisava ver minha mãe livre, alegre e sem ter que
trabalhar tão duro por tão pouco. Já era o tempo do fim das guerras da
escravidão. Eu vi o meu pai morrer na minha frente e nada pude fazer...
Coloquei a magia no chá da princesa e o coração dela se encheu de coragem e ela
fez o certo! No dia 13 de maio de 1888 a princesa Isabel assinou a Lei Áurea, e
minha mãe e o meu povo foram libertos. Não existia presente maior que eu
pudesse receber no dia do meu aniversário, ver o meu povo livre. Mas como toda
a magia tem um preço, o feiticeiro me prendeu nessa lâmpada, o preço era minha
prisão pela liberdade do meu povo. Mas pelo o meu bom coração, o feiticeiro disse
que sempre que minha lâmpada fosse achada e esfregada eu poderia retornar a
terra e realizar os desejos de quem me encontrasse por 3 vezes e logo após
retornaria para a lâmpada. O feiticeiro antes de me prender na lâmpada ele
disse que eu poderia sim um dia voltar ao mundo sem precisar ficar preso na
lâmpada, só havia uma maneira para obter
a liberdade de novo. O amor verdadeiro iria
me libertar, e com minha liberdade eu não teria um final feliz, em
poucas minutos eu desapareceria .
- Nossa! Estou sem palavras, quem diria que depois que saísse
do colégio eu iria aprender mais de história, história essa que eu não posso
nem mencionar pra não ser chamado de louco.
- você ainda tem os seus desejos para ser realizado, é só pedir!
Eu não me contive com essa história tão linda que acabei de
ouvir, realmente é uma verdadeira história de amor. Minhas lágrimas desciam
quentes sobre o meu rosto, me virei, me virei olhei para o Gênio é peguei em
suas mãos, olhei em seus olhos e disse:
EU DESEJO QUE VOCE SEJA LIVRE.
O Gênio arregalou os olhos e seus braceletes de ouro sumiram significando a sua liberdade. Com lágrimas nos
olhos o Gênio colocou suas mãos na cabeça e caiu de joelhos no chão. Eu olhei
nos olhos dele e disse: - Porque ainda chora? Agora você está livre!
- Meu caro amigo, você não poderia ter desejado isso. O
feiticeiro disse que o amor verdadeiro me libertaria, e eu sempre entendi que
se tratava de paixão, mas não, o seu
coração é cheio de bondade dentro dele, e esse é o amor verdadeiro que quebrou
a minha maldição. Mas como eu disse toda a magia vem com o preço . Você me deu a liberdade, e essa liberdade irá
te custar, agora toda a magia da lâmpada é sua e em pouco tempo eu serei apenas
lembranças...
Uma forte luz envolveu a lâmpada mágica fazendo a flutuar numa
enorme ventania que invadiu o meu quarto e nos levou para o lago onde ninguém
pudesse notar a magia, um raio me feriu me jogando para longe e a lâmpada e o
Gênio caíram no chão. O Gênio se arrastou até a mim pois já estava sem forças o
suficiente para ficar em pé. E disse:
- Magnus, meu amigo. Proteja a lâmpada, mas não se preocupe que
ela não tem magia pra te prender dentro dela pois essa maldição era minha . Mas
proteja, talvez nessa sua época ela nas
mãos erradas pode se tornar muito perigosa. Adeus meu amigo, o poder agora é
seu é use com sabedoria. Grandes poderes, vem com grandes responsabilidades,
mas lembre se, toda magia, vem com preço.
Naquele momento o Gênio sumiu e uma luz me envolveu me
levando de volta pro meu quarto. Eu respirei fundo e cai num sono profundo,
pois estava muito exausto e fraco. Horas
depois acordei com muitas dores no corpo, e fui surpreendido com o início dos fogos. Olhei para o céu e sorri
é disse:
- Feliz ano novo, Gênio!
CONTINUA NO PROXIMO CAPITILO
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